Pressionada pelo movimento Sleeping Giants Brasil em uma campanha de desmonetização de seus canais, a Jovem Pan fez um editorial para condenar qualquer tipo de ameaça à posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente da República em 1º de janeiro. O pedido para que empresas deixassem de expor publicidade na emissora de rádio e TV já fez algumas anunciantes deixarem de colocar dinheiro no canal.
Em um comunicado institucional, a Jovem Pan afirmou que “nunca vai apoiar qualquer manifestação que caminhe na direção do enfraquecimento ou da destruição de nossas instituições. Somos defensores do direito de discordar e vamos exercer o papel de críticos sempre que necessário”.
O aviso foi publicado no site da Jovem Pan na terça (27) e lido pelo âncora Adalberto Piotto nos telejornais do canal na TV e no rádio. “Não há espaço para ameaças, para violência ou para que se coloque sob suspeita a realização da transição de governo, que seguramente acontecerá no próximo domingo [dia da posse]”, se posicionou.
“Se há divergências, que estas sejam discutidas no mais alto nível, de forma propositiva e com argumentos que se sustentem pela clareza e pelo caráter técnico. É por isso que a Jovem Pan, há décadas, abre espaço para o o mais amplo debate em seus jornais e programas. Porque entendemos que as cores que compõem a nossa democracia vão muito além do verde, do amarelo e do vermelho”, reforçou a empresa.
Sem citar o Sleeping Giants, o editorial coloca a Jovem Pan na condição de vítima de “uma publicação falsa”.
É preciso, nestes tempos em que a verdade se decompõe com a truculência de uma publicação falsa em rede social, reforçar o óbvio e dizer que a Jovem Pan não faz coro e não endossa qualquer lampejo golpista, ato de violência ou o uso retórico irresponsável de instrumentos constitucionais como o artigo 142 da Constituição. Assista ao editorial abaixo:
Empresas como Natura, Tim, Quinto Andar, Ponto Frio, C6 Bank e Burger King já anunciaram desistência de anunciar no canal após a pressão que começou na semana passada. O Sleeping Giants Brasil se identifica como um “movimento de consumidores contra o financiamento do discurso de ódio e das fake news” e aponta que a “Jovem Pan alimenta discursos golpistas e fraudulentos”.
Em novembro, o YouTube já havia desmonetizado a Jovem Pan. A decisão afetou os lucros da companhia: Em 2021, a empresa faturou R$ 20 milhões somente com monetização na plataforma. Era a produtora brasileira que mais ganhava dinheiro na rede social de vídeos do Google.
De uma hora para outra o YouTube entendeu que “o canal em questão incorreu em repetidas violações das nossas políticas contra desinformação em eleições e nossas diretrizes de conteúdo adequado para publicidade, incluindo as relacionadas a questões polêmicas e eventos sensíveis, atos perigosos ou nocivos, além de outras políticas de monetização”.
Alguns jornalistas que fizeram parte da emissora criticaram a postura dos anunciantes de sair da lista de patrocinadores e também questinaram a postura da Jovem Pan em publicar o editorial e lê-lo ao vivo, para Augusto Nunes, os anunciantes não aprenderam o jogo e a empresa não pode recuar, “Todos os combates, todos os duelos, se você recua o inimigo avança e ocupa espaço. Os empresários e a empresa não podem mostrar medo.”
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